Como escolher uma linha de crédito imobiliário?
Comprar um imóvel não é como comprar um carro ou um celular. Esse tipo de compra requer um comprometimento da renda de longo prazo, de 20 a 35 anos, segundo a média de mercado. E são os juros que definem se você vai conseguir pagar esse boleto ou não. Por isso, a escolha da linha de crédito é decisiva e requer planejamento.
A taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, sobe e desce de acordo com a inflação, e mexe com todas as taxas do mercado, inclusive com a taxa de juros do financiamento imobiliário. E, quando o assunto é casa própria, qualquer variação da Selic para cima ou para baixo pode ser a diferença entre a realização de um sonho e a inadimplência.
Esse sonho, no caso do Brasil, está na lista de muita gente. Não importa o momento econômico e a geração, se a compra de um imóvel é para uso próprio, para alugar ou para tentar vender a um preço maior no futuro, 87% dos brasileiros gostariam de ter a casa própria, segundo pesquisa do QuintoAndar com o Datafolha. Esse desejo é tão grande que fica acima, em importância, da estabilidade financeira e até da família, como mostra o estudo.
O problema é que, para realizar esse sonho, muita gente esquece de considerar o cenário econômico, não faz as contas e acaba se endividando mais do que precisava. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em fevereiro, 76,6% das famílias brasileiras estavam endividadas, o maior nível em 12 anos. E 9,1% dessas famílias têm o financiamento da casa como a principal dívida.
Entenda, abaixo, como a Selic afeta o seu financiamento imobiliário e como escolher uma linha de crédito, considerando o sobe e desce dos juros.
O que a Selic tem a ver com a taxa de juros do financiamento imobiliário?
Então, quando a Selic sobe o financiamento imobiliário fica mais caro?
Sim, mas a conta não é tão simples e essa relação não é direta. Para começar, diferentemente do que muita gente pensa, a taxa de juros do financiamento imobiliário não sobe ou cai na mesma proporção da variação da Selic.
Para se ter uma ideia, no início de 2021, a Selic estava em 2%, e chegou a 10,75% em um ano. Já os juros do crédito imobiliário subiram em torno de 2,4% no mesmo período, segundo Sérgio Cano, professor do MBA de Gestão de Incorporação e Construção Imobiliária da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Se os bancos carregassem 100% do aumento da Selic para o crédito imobiliário, a gente teria taxas em torno de 12%, o que seria muito ruim para o mercado imobiliário, porque gera uma reação em cadeia negativa. Com esses juros, menos gente tem condições de comprar, as empresas vendem menos, produzem menos e isso gera desemprego”, explica.